martes, 12 de octubre de 2010

CRITICA LITERARIA A SOLDADOS DE SALAMINA J.CERCAS


Los héroes de las épocas de guerra, viven únicamente mientras sus amigos los recuerden y la vida y la memoria son demasiado cortas
“-¿Y qué es un héroe?”...
-No lo sé- dijo. Alguien que se cree un héroe y acierta. O alguien que tiene el coraje y el instinto de la virtud, y por eso no se equivoca nunca, o por lo menos no se equivoca en el único momento en que importa no equivocarse, y por lo tanto no puede no ser un héroe. O quien entiende como Allende, que el héroe no es el que mata, sino el que no mata o se deja matar. No lo sé...”
Durante los ultimos dias de la Guerra Civil Espanola, Rafael Sanchez Mazas, miembro fundador del partido fascista de Franco, va a ser fusilado, pero milagrosamente logra escapar hacia el bosque. Es descubierto por un soldado Republicano y este le perdona la vida. Sanchez Mazas se convierte en un héroe nacional y en miembro del primer gobierno de Franco, mientras que el soldado es olvidado. Sesenta anos después, la novela de Javier Cercas remueve las capas de la verdad y la propaganda oficial, para descubrir quien fue el verdadero héroe de esa historia. Enfocada en, que significa ser un héroe? esta novela es principalmente, un tour de force en donde el lector aprende, tanto del proceso creativo de este gran escritor como de las reflexiones sobre el mito, la compasión, la integridad, la memoria y el olvido.
Javier Cercas se licenció en Filología Hispánica en la Universidad Autónoma de Barcelona y más tarde se doctoró. Trabajó durante dos años en la Universidad de Illinois en Urbana y desde 1989 es profesor de literatura española en la Universidad de Gerona. En 2001 se convirtio en un autor de masas con esta novela, que fue descubierta por Mario Vargas Llosa en un famoso artículo y mereció los elogios de John Maxwell Coetzee y Susan Sontag. Ha sido galardonado con numerosos premios y la obra ha sido traducida a más de veinte lenguas. Es colaborador habitual de la edición catalana y del suplemento dominical del diario El País.
Soldados de Salamina esta estructurada en tres partes; Los amigos del bosque, Soldados de Salamina y Cita en Stockton. En la primera parte sabremos de donde parte Javier Cercas, que le esta pasando y como surge la idea de escribir sobre un evento de la Guerra Civil, el fusilamiento de Rafael Sanchez Mazas (escritor falangista). La segunda parte, es donde entra ya en el hecho histórico, entrevista a la gente que conoció a Sanchez Mazas, investiga sobre el fusilamiento, como lo vivio este, antes y después. En la parte final es donde se da cuenta que su relato esta flojo, carente de algo, le falta el héroe que no mato a Sanchez Mazas, quien fue ese soldado y por que tomo esa decision? Al no tener las respuestas, se frustra y guarda su relato. Posteriormente, después de hacerle una entrevista al escritor Roberto Bolano se lanza a la búsqueda del heroe, llegando con esto a la parte mas bella y emotiva de la novela.
El protagonista principal, Javier Cercas (personaje-autor), sufre una completa evolución durante la historia. Cambia su perspectiva sobre muchas cosas, incluyendo su visión sobre la Guerra Civil. El la miraba como algo del pasado, tan remoto y distante como lo es La Batalla de Salamina, algo que ya no afecta en el presente. Pero es a partir de su investigación periodística y de las entrevistas a sobrevivientes de esa época, como Cercas descubre que la guerra civil esta viva, que es el principio del presente. Una guerra que guste o no, sigue influenciando la vida de muchas personas en Espana tanto como a el.
Por ultimo, mas alla de la historia que recreando un episodio de la guerra civil española, logra elevarlo a la categoría de universal, y de los sentimientos que remueve en el lector, la novela sorprende en su trama y estructura. Ademas de la originalidad de sus tres partes y sus respectivos saltos en el tiempo, tenemos dentro de la novela; historia, biografia, relato oral, reportaje y metaliteratura. Personajes reales que conviven con personajes ficticios, y situaciones reales, dentro de una ficcion, al igual que hechos ficticios dentro de una gran experiencia real . Dicha confusión es agravada por el autor al ponerse el mismo dentro de la historia como personaje principal. De tal manera que el lector nunca estará seguro que fue verdad y que no. Es por eso que Soldados de Salamina será siempre, esa extraña novela que desdibuja lo real y lo ficticio, y es ahí donde reside su singularidad y su grandeza.

3 comentarios:

  1. Para contar ‘Soldados de Salamina’, o seu autor Javier Cercas viu-se na imposição de encetar toda uma profunda e pormenorizada investigação sobre alguns dos episódios ocorridos na Guerra Civil que assolou Espanha no final da década de 30. Quando parte para esta aventura, Cercas tem consciência de que pouco ou nada sabe sobre a Guerra e sobre as pessoas e acontecimentos em concreto que nela participaram e nela tiveram lugar. É só quando se convence da sua intenção de escrever sobre aquele particular episódio da guerra e que então lhe despertara tamanha curiosidade (o malogrado assassinato de Rafael Sanchez Mazas, poeta, falangista e futuro Ministro sem pasta do Governo de Francisco Franco), que o escritor reconhece perante o leitor essa sua quase total ignorância sobre esse importante pedaço da história do seu país, da qual até então «não sabia muito mais que da batalha de Salamina(...)» .
    A personagem de Franco assume desde o início do romance o papel do Generalíssimo todo-poderoso, implacável e impiedoso. Não há uma descrição de um Franco anterior à Guerra. Também os adjectivos que Cercas atribui a Franco, são ainda episódicos e auxiliares na descrição de outras personagens do relato real que pretende contar, nomeadamente da personagem central da história Rafaél Sánchez Mazas. Francisco Franco é assumidamente no relato, uma personagem secundária.

    ResponderEliminar
  2. As definições de carácter que são oferecidas para este personagem no desenvolvimento da intriga, parecem contrariar as histórias de vida que têm sido contadas e registadas sobre esta inegável maior figura da história espanhola do Séc. XX. J. Cercas nada diz sobre o grande estratega que era Franco. Em oposição, opta por considerá-lo astuto e oportunista. Cercas nada diz sobre a qualidade dos seus discursos, principalmente os anteriores à Guerra, onde Franco enaltecia os valores da pátria espanhola, muitas vezes com recurso a diversas referências histórico e culturais. Apostamente, Cercas conota o Generalíssimo com o desinteresse que o ditador manifestva com questões de natureza histórico e culturais, nomeadamente, no episódio em que o autor põe em hipótese o facto de Sanchéz Mazas ter sido demitido, não porque não assistia às reuniões ministeriais (conforme assim havia concluído no primeiro capítulo do romance), mas porque conforme outras vozes diziam «era Franco quem se aborrecia soberanamente com as dissertações eruditas sobre os assuntos mais excêntricos (as causas da derrota dos navios persas na batalha de Salamina, digamos; ou a correcta utilização da plaina) que Sánchez Mazas lhe infligia e que, por isso, terá decidido prescindir daquele literato ineficaz, extravagante e intempestivo, que desempenhava no governo um papel quase ornamental.» (in Soldados de Salamina, 111), conforme acabar por considerar na 2.ª Parte do seu relato.

    ResponderEliminar
  3. No silêncio, Franco é descrito como o anti-herói da história, por que ele é quem mata e não se deixa matar. Nada se diz sobre a aparente bravura demonstrada ainda em jovem nas suas arriscadas incursões em Marrocos, nas operações como líder da Legião Estrangeira em Beni-Arós, na reconquista de Melilla, na retirada de Xauen e na aterragem em Alhucemas. Nada se diz sobre a aparente virtude que lhe é atribuída por alguns autores e cronistas de Franco nunca se enganar nos planos de guerra e incursões que elaborava (a chegada de Tânger), de «não se enganar no único momento que importa não se enganar» (na conquista de Toledo). Nada se diz sobre o sucesso do empreendimento militar que recriou de raiz e que dirigiu durante três anos (Academia Militar) e à sua destruição pelo grande político e orador Manuel Azaña, segundo e último presidente efectivo da 2.ª República Espanhol, seu convicto opositor. Nada se diz sobre as aparentes diligências que encetou activa e frutuosamente, junto dos membros do Governo Republicano, no intuito de evitar o desenvolvimento da revolta dos mineiros das Astúrias, nem sobre os conselhos que deu sobre o perigo que previra para os actos resultantes das eleições de Fevereiro 36 e que vieram a concretizar-se na anarquia generalizada que provocou a sublevação militar marroquina que viria a liderar.
    A questão pendente obriga a um retorno à questão inicial. O mais ténue conhecimento que o autor possa ter de alguns episódios e personagens daquele período da história, aconselhava a que se baseasse em fontes fidedignas para que pudesse dar uma posição mais assertiva sobre as características atributivas a qualquer dessas personagens, principalmente tratando-se da personagem de Francisco Franco. J. Cercas é extremamente cuidadoso no apuramento dos factos que apresenta e sobre todos eles procura uma outra versão. Sobre Franco contentou-se com uma descrição superficialmente adjectivada, sem profundidade e sem floreados acrescidos. Um maior desenvolvimento desta personagem implicava um ainda maior estudo e investigação do que aquela que efectuou para apurar da veracidade e dos motivos do malogrado assassinato do dirigente fundador da falange espanhola, um dos verdadeiros heróis da história que em Soldados de Salamina se propõe investigar.
    Todo o período da guerra e do franquismo que se lhe seguiu está assim envolta de um véu de difícil ou mesmo de impossível desvelação. O retrato que Cercas faz de Francisco Franco em Soldados de Salamina é muito provavelmente a sua verdade possível sobre o ditador, imbuída do seu conhecimento pessoal e directo que obteve das histórias que ouviu contar e que foi encontrando nas investigações que encetou.

    ResponderEliminar